Publicamos alguns textos dos recentes Papas, para nos preparar à próxima Jornada mundial da Juventude:
DA MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA A XXXVII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE 2022-2023
«Maria levantou-se e partiu apressadamente» (Lc 1, 39)
Queridos jovens! Nestes últimos tempos tão difíceis, em que a humanidade já provada pelo trauma da pandemia, é dilacerada pelo drama da guerra, Maria reabre para todos e em particular para vós, jovens como Ela, o caminho da proximidade e do encontro. Espero e creio fortemente que a experiência que muitos de vós ireis viver em Lisboa, no mês de agosto do próximo ano, representará um novo começo para vós jovens e, convosco, para toda a humanidade.
Depois da Anunciação, Maria teria podido concentrar-se em si mesma, nas preocupações e temores derivados da sua nova condição; mas não! Entrega-se totalmente a Deus! Pensa, antes, em Isabel. Levanta-se e sai para a luz do sol, onde há vida e movimento. Apesar do inquietante anúncio do Anjo ter provocado um «terremoto» nos seus planos, a jovem não se deixa paralisar, porque dentro d’Ela está Jesus, poder de ressurreição. Dentro d’Ela, traz já o Cordeiro Imolado mas sempre vivo. Levanta-se e põe-se em movimento, porque tem a certeza de que os planos de Deus são o melhor projeto possível para a sua vida. Maria torna-se templo de Deus, imagem da Igreja em caminho, a Igreja que sai e se coloca ao serviço, a Igreja portadora da Boa Nova.
Experimentar na própria vida a presença de Cristo ressuscitado, encontrá-Lo «vivo», é a maior alegria espiritual, uma explosão de luz que não pode deixar ninguém «parado». Imediatamente põe em movimento impelindo a levar aos outros esta notícia, a testemunhar a alegria deste encontro. É aquilo que anima a pressa dos primeiros discípulos nos dias que se seguiram à ressurreição: «Afastando-se apressadamente do sepulcro, cheias de temor e grande alegria, as mulheres correram a dar a notícia aos discípulos» (Mt 28, 8).
[…] Quais são as «pressas» que vos movem, queridos jovens? O que é que vos faz sentir de tal maneira a premência de vos moverdes que não conseguis ficar parados? Há muitos que, impressionados por realidades como a pandemia, a guerra, a migração forçada, a pobreza, a violência, as calamidades climáticas, se interrogam: Porque é que me acontece isto? Porquê precisamente a mim? Porquê agora? Mas a pergunta central da nossa existência é esta: Para quem sou eu? (cf. Francisco, Exort. ap. pós-sinodal Christus vivit, 286).
[…] Já aconteceu a muitos de nós sentir que, inesperadamente, Jesus vem ao nosso encontro: n’Ele, pela primeira vez, experimentamos uma proximidade, um respeito, uma ausência de preconceitos e condenações, um olhar de misericórdia que nunca tínhamos encontrado nos outros. Mais, sentimos também que, a Jesus, não Lhe bastava olhar-nos de longe, mas queria estar connosco, queria partilhar a sua vida connosco. A alegria desta experiência suscitou em nós a pressa de O acolher, a urgência de estar com Ele e conhecê-Lo melhor.
[..] A minha mensagem para vós jovens, a grande mensagem de que é portadora a Igreja é Jesus! Sim, Ele mesmo, o seu amor infinito por cada um de nós, a sua salvação e a vida nova que nos deu. E Maria é o modelo de como acolher este imenso dom na nossa vida e comunicá-lo aos outros, fazendo-nos por nossa vez portadores de Cristo, portadores do seu amor compassivo, do seu serviço generoso, à humanidade sofredora.
DO DISCURSO DO PAPA BENTO XVI NA VIGÍLIA DE ORAÇÃO COM OS JOVENS NA ESPLANADA DE MARIENFELD
Sábado, 20 de Agosto de 2005
Queridos amigos, perguntemo-nos o que significa tudo isto para nós. Porque o que acabámos de dizer sobre a natureza diversa de Deus, que deve orientar a nossa vida, parece bonito, mas permanece bastante superficial e vago. Por isso Deus deu-nos alguns exemplos. Os Magos que vieram do Oriente são apenas os primeiros de uma longa procissão de homens e mulheres que na sua vida procuraram constantemente com o olhar a estrela de Deus, que procuraram aquele Deus que está perto de nós, seres humanos, e nos indica o caminho. É a grande multidão de santos famosos ou desconhecidos mediante os quais o Senhor, ao longo da história, abriu diante de nós o Evangelho e folheou as suas páginas; ainda hoje Ele continua a fazer isto. Nas suas vidas, como num grande livro ilustrado, revela-se a riqueza do Evangelho. Eles são o rasto luminoso de Deus que Ele mesmo traçou e continua a traçar ao longo da história. O meu venerado predecessor, Papa João Paulo II que neste momento está connosco, beatificou e canonizou uma grande multidão de pessoas de épocas distantes e próximas. Nestas figuras ele quis demonstrar-nos como se faz para ser cristão; como se pode viver a própria vida de maneira justa viver segundo o modo de Deus. Os beatos e os santos foram pessoas que não procuraram de maneira obstinada a própria felicidade, mas simplesmente quiseram doar-se, porque foram alcançados pela luz de Cristo. Eles indicam-nos assim o caminho para nos tornarmos felizes, mostram-nos como se consegue ser pessoas verdadeiramente humanas. Nas vicissitudes da história eles foram os verdadeiros reformadores que tantas vezes a levantaram dos vales obscuros nos quais corre sempre de novo o perigo de precipitar; eles iluminaram-na sempre de novo quanto era necessário para dar a possibilidade de aceitar talvez no sofrimento a palavra pronunciada por Deus no final da obra da criação: “Viu que era coisa boa”. Basta pensar em figuras como São Bento, São Francisco de Assis, Santa Teresa de Ávila, Santo Inácio de Loyola, São Carlos Borromeu, nos fundadores das Ordens religiosas do século XIX, que animaram e orientaram o movimento social, ou nos santos do nosso tempo Maximiliano Kolbe, Edith Stein, Madre Teresa, Padre Pio. Contemplando estas figuras aprendemos o que significa “adorar”, e o que quer dizer viver segundo a medida do menino de Belém, segundo a medida de Jesus Cristo e do próprio Deus.
Dissemos que os santos são os verdadeiros reformadores. Agora gostaria de o expressar de modo mais radical: só dos Santos, só de Deus provém a verdadeira revolução, a mudança decisiva do mundo. No século que há pouco terminou vivemos as revoluções, cujo programa comum era não aguardar mais a intervenção de Deus, mas assumir totalmente nas próprias mãos o destino do mundo. Com isto, vimos que era sempre um ponto de vista humano e parcial a ser tomado como medida absoluta da orientação. A absolutização do que não é absoluto mas relativo chama-se totalitarismo. Não liberta o homem, mas priva-o da sua dignidade e escraviza-o. Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente dirigir-se ao Deus vivo, que é o nosso criador, a garantia da nossa liberdade, a garantia do que é deveras bom e verdadeiro. A verdadeira revolução consiste unicamente em dirigir-se sem reservas a Deus, que é a medida do que é justo e ao mesmo tempo é o amor eterno. E o que nos pode salvar a não ser o amor?
DO DISCURSO DE SÃO JOÂO PAULO II NO PARQUE “DOWNSVIEWI”
Toronto, Sábado, 27 de Julho de 2002
Queridos Jovens, quando, em 1985, quis dar início às Jornadas Mundiais da Juventude, pensei nas palavras do Apóstolo João, que ouvimos nesta noite: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e as nossas mãos apalparam acerca do Verbo da vida… isso vos anunciamos” (1 Jo1, 1.3). E imaginei as Jornadas Mundiais da Juventude como um momento forte em que os jovens do mundo pudessem aprender dele a ser os evangelizadores dos outros jovens.
Nesta noite, juntamente convosco, louvo a Deus e dou-lhe graças pelas dádivas derramadas sobre a Igreja através das Jornadas Mundiais da Juventude. Milhões de jovens participaram nas mesmas tornando-se, por conseguinte, testemunhas cristãs melhor e mais comprometidas. Estou-vos particularmente grato a vós, que respondestes ao meu convite para vir aqui a Toronto, em ordem a “proclamar a todo o mundo a vossa alegria por terdes encontrado Cristo Jesus, o vosso desejo de conhecê-lo cada vez melhor, o vosso compromisso de anunciar o Evangelho de salvação até ao últimos confins da terra!“(Mensagem para a XVII Jornada Mundial da Juventude, 25 de Julho de 2001, n. 5).
Caros jovens, deixai-vos atrair pela luz de Cristo e espalhai-a nos ambientes em que viveis! “A luz do olhar de Jesus como está escrito no Catecismo da Igreja Católica ilumina os olhos do nosso coração; ensina-nos a ver tudo à luz da sua verdade e da sua compaixão para com todos os homens” (n. 2715).
Na medida em que a vossa amizade com Cristo, o vosso conhecimento do seu mistério e a vossa entrega pessoal a Ele forem autênticos e profundos, vós sereis “filhos da luz” e tornar-vos-eis, por vossa vez, “luz do mundo”. Por isso, reitero-vos a palavra do Evangelho: “Brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5, 16).
Nesta noite, juntamente convosco, jovens dos diferentes Continentes, o Papa volta a confirmar a fé que sustenta a vida da Igreja: Cristo é a luz das nações; Ele morreu e ressuscitou para dar de novo aos homens, que caminham na história, a esperança da eternidade. O seu Evangelho não humilha o que é humano: todo o valor autêntico, qualquer que seja a cultura em que se manifeste, é acolhido e assumido por Cristo. Consciente disto, o cristão não pode deixar de sentir vibrar em si mesmo o orgulho e a responsabilidade de ser testemunha da luz do Evangelho.
Este é o motivo pelo qual, nesta noite, vos digo: fazei resplandecer a luz de Cristo nas vossas vidas! Não espereis por ser mais idosos, para vos empenhardes no caminho da santidade! A santidade é sempre jovem, como eterna é a juventude de Deus.
Fazei com que todos conheçam a beleza do encontro com Deus, que dá sentido à vossa existência. Não hesiteis na busca da justiça, da promoção da paz e do compromisso em ordem à fraternidade e à solidariedade.
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