Deixamos aqui o discurso da Madre Rosária pronunciado no final da Santa Missa no dia 23 de outubro, dia da Inauguração do Mosteiro:
“No final desta celebração desejo agradecer a todos vós e a todos aqueles que, embora não estando fisicamente presentes, nos ajudaram, sustentaram e acompanharam para que este mosteiro e o evento da inauguração fossem possíveis. A lista de agradecimentos seria imensamente longa e mesmo assim não conseguiria incluir todos.
Limito-me apenas a agradecer ao Dom José Cordeiro pelo seu fiel apoio à fundação, ao Bispo desta Diocese, Dom Nuno, e a todos os pastores e padres (menciono apenas o Padre António, querido capelão das irmãs) que com a sua presença testemunham como o Mosteiro de Palaçoulo encontra o seu lugar e o seu caminho no seio da Igreja portuguesa.
Agradeço às autoridades, que nos honram com a sua presença aqui, aos monges e monjas de algumas comunidades da nossa Ordem e aos religiosos e religiosas portugueses. O mosteiro, tal como o podemos ver hoje, tem um rosto próprio, um rosto que o profissionalismo -e a amizade- com a equipa de arquitectos, a quem agradeço vivamente, juntamente com os engenheiros, técnicos e trabalhadores da empresa, tornou não só habitável, mas também belo.
O mosteiro é uma Casa, a Casa de Deus, em que tudo, a começar pela arquitetura, remete para Ele. O centro estrutural é o claustro, à volta do qual se encontram os lugares que, segundo a Regra de São Bento, devem favorecer a oração de louvor e de intercessão, a que São Bento chama Opus Dei, e orientar o coração para a procura de Deus na conversão e na comunhão fraterna.
Bento sabe que a pessoa cresce e se forma segundo a imagem de Deus num caminho de comunhão e fraternidade. É por isso que os espaços individuais, como a cela onde se dorme, são restritos e essenciais, enquanto os espaços dedicados à vida comum são amplos e acolhedores, mesmo na sua simplicidade, precisamente porque o monge vive na comunidade e pertence à comunidade.
O mosteiro é também um lugar de trabalho, de laboriosidade, de colaboração e de responsabilidade partilhada, porque, como diz São Bento, “são verdadeiros monges aqueles que vivem do trabalho das suas próprias mãos”. O relevo dado à vida cenobítica não diminui o indispensável caminho de silêncio e solidão que acompanha a nossa busca de Deus e a tomada de consciência da nossa verdade diante d’Ele.
Viver no mosteiro, na presença de Deus e em comunhão entre nós, se aparentemente nos separa do mundo que nos rodeia, na realidade coloca-nos no coração dele, como sinal.
Ao chegar ao mosteiro, pelo caminho que o conduz desde a aldeia, a impressão é de estar diante de uma fortaleza construída num ponto alto da colina.
Sim, o mosteiro é uma casa feita para ficar e para selar o pacto de fidelidade que a comunidade fundadora quer viver com um lugar, com uma história, com a Igreja.
Estamos aqui para permanecer, queremos ser um lugar de vida e de memória viva, um sinal da fidelidade de Deus para com os homens, da aliança de paz que Deus oferece àqueles que se aproximam dele.
Mas tudo isto não seria nada, ou uma pura utopia, se a nossa vontade de bem não encontrasse o seu coração palpitante naquele que é o tudo em todas as coisas.
O incêndio que, para além de todas as previsões, atingiu a hospedaria em janeiro deste ano, veio precisamente para nos lembrar que tanto tudo o que fazemos como estas paredes não seriam nada se não houvesse Cristo, vivo e eucaristicamente presente no meio de nós.
Queremos testemunhar precisamente esta Presença. É por isso que o nosso permanecer quer ser, antes de mais, um permanecer orientadas de olhar para Aquele que é a Vida da nossa vida.
Obrigada.”
Views: 292